quarta-feira, 27 de julho de 2011

IMPRESCINDÍVEL TAREFA: RETORNAR

Rever a própria história, nem sempre é tarefa fácil, muitos tentam fazê-la de qualquer jeito, sem se auto respeitar e os que agem assim são infelizes nos resultados. Lançar um olhar para trás na própria vida, é tarefa exigente, contínua, corajosa e digo sem medo de errar, é tarefa transformadora, desde que saibamos fazê-la. Quantos são aqueles que acreditam ser perda de tempo ficar pensando no que passou; claro que o excesso é extremamente prejudicial, a sabedoria popular nos ensina que 'Quem vive de passado é museu!', não quero ser museu, acredito que nem você queira, mas não podemos de maneira alguma deixar de retornar o caminho esquisito, o caminho estranho que tomamos lá trás, até porque, se isso não for feito, vamos continuar caminhando na estrada errada ou até mesmo de maneira errada. A organização do trânsito nos ensina bem isso, pegou caminho errado, não tem problema, logo mais à frente há um retorno, simples assim. O retorno é imprescindível, porém deve ser feito com um olhar diferenciado, voltado pro agora e para o futuro. Volto lá traz, mas logo (bem logo) volto para cá, para hoje, para o agora, pronto para dar passos diferentes na própria história.  Ai esta o esforço, volto lá e volto cá, exercício contínuo, que nos permite ser mais humanos, capazes de assumir e corrigir os próprios erros, ou seja, arrependimento; capazes de rever os erros dos outros com um olhar diferente, dando chance e espaço suficiente para estes reverem também a própria história, ou seja, perdão. Acredito que a vida constantemente e incansavelmente está nos colocando em situações que nos favorecem na realização desta tarefa. Aproveite, não ignore a oportunidade de transformação. Retorne, reveja, transforme!

André Henrique Faria

sábado, 18 de junho de 2011

GRATIDÃO, ONDE ESTA?

Estamos a todo momento nos encontrando com presentes, a todo instante nos é oferecido algo. Basta abrir os olhos do interior para enxergar o que nos é dado, ofertado de maneira gratuita, sem reservas. Acredito que quando deixamos de reconhecer o que nos é oferecido como presentes à nós, vamos ao mesmo tempo deixando para tráz a essência, vamos abandonando nossa humanidade, nossa essência humana. O que resta a alguém, quando este deixa de reconhecer os presentes que lhe são oferecidos? Restam a amargura, a solidão, o desespero, a ingratidão, e isso tudo, principalmente este último, nos torna tão distantes daquilo pelo qual nascermos a ser - felizes. 

A natureza nos ensina de maneira brilhante o que é ser presente, ou seja, o que é presentear os outros com aquilo que se é e tem. Uma árvore por exemplo, uma jaboticabeira, sabe nos presentear com generosidade; o sol, se apresenta todas as manhãs, sem pedir nada em troca, o ar, a terra, enfim, a natureza esta ai nos presenteando, se apresentando a nós. Não podemos esquecer que fazemos parte desta natureza, não podemos esquecer disso. Toda a criação executa livremente sua apresentação a nós, nos oferecendo presentes. 

Quando ganhamos um presente, quase que naturalmente brota uma expressão de gratidão, um 'Muito obrigado(a)!' vem à tona acompanhado de um leve ou de um largo sorriso. Pelo menos assim deveria ser. Note como hoje em dia a gratidão é uma expressão que parece doer no coração de muita gente, perceba em seus relacionamentos, como a gratidão tem sido pouco ou mal expressada. É algo a se pensar, e até mesmo, urgentíssimo pensar sobre isso - O quem tem roubado ou ofuscado nossa gratidão?

Ao ser oferecido um presente, a gratidao deve emergir, se a gratidão não esta despontando algo esta errado, é sinal de que estamos perdendo a essência. 

Temos um péssimo costume de relaxarmos na gratidão para com as pessoas que convivem a muito tempo conosco, casais que não dizem mais 'Obrigado!" um ao outro, filhos que não agradecem à mãe pelo café da manhã que ela preparou, parece que o outro tem a obrigação de nos servir, vamos desumanizando nossas relações, e isso é um perigo, a indiferença é uma ameaça a todo relacionamento. Lembro de uma frase de Mário Quintana - "O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem passa por ele indiferente".

Exercite a gratidão hoje, quem sabe agora. Não basta sentir a gratidão, é preciso expressá-la. Seja grato. Seja humano!


André Henrique Faria

18 de Junho de 2011

13h48

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PRESENÇA - PRESENTE

Presença, vamos parar um pouco para refletir sobre esta palavra?. Mais do que uma palavra, muito mais. O que é presença? O que é estar presente? 


Para entendermos o significado de presença, bastar agora, neste momento, olhar a sua volta e verificar o que esta presente ai, o que há a sua volta, e note que as coisas, pessoas, enfim, o que você esta vendo, o que esta ou não ao alcance de tuas mãos, o que você sente,  esta realmente ai; portanto, estar presente, é estar ai, estar aqui, agora, sem rodeios, sem receios, sem medo. A presença é o que é, diante dos nossos olhos, em sua realidade, em sua verdade, quer queiramos ou não. 


Não sei você, mas por várias vezes, entrei em lojas, consultórios onde havia instalado logo na entrada um sensor de presença, um aparelhinho um tanto irritante, que avisa que você chegou, todos ali ao escutarem a campainha, ficam sabendo que alguém chegou, fulalo esta presente, não esta mais lá, mas esta aqui, neste momento, neste lugar, isto nos leva a entender que presença é a existência de alguma coisa em algum lugar. Mas se tratando de pessoas, a palavra presença, tem um outro signficado, muito mais do estar presente, existindo em algum lugar, nãos somos uma coisa, um objeto existente, somos pessoas, somos uma riqueza ambulante, não somente fazemos presença, mas somos o presente. 


Fique sabendo, que você, eu e quem esta à sua volta presente, é presente. Pode parecer um jogos que palavras, que seja então. Somos presentes a ser recebido com gratidão, com alegria. Presente a ser desembrulhado e vislumbrado, não de qualquer jeito. Somos presentes aqui, ali, onde quer estivermos, estamos e somos presentes e vamos nos deparar com presenças, com presentes. Alguns de um jeito, outros de outro, somos riquezas embrulhadas, ambulantes. 


Já parou pra pensar nisso? Só não podemos esquecer que algumas pessoas são presentes bem embrulhados, será preciso trazer pra fora a riqueza e talvez para que isso aconteça seja necessário esforço,  e isso pode levar algum tempo, é preciso persistir, não desanimar. Todos, todos nós, temos riquezas no nosso interior. Você já deve ter ouvido ou já deve ter expressado a frase: "Fulano ou Fulana é de presença, quando ele(a) chega, todos notam..." Pois é, algumas pessoas são presentes desembrulhados, todos notam o seu conteúdo com facilidade, mas há aquelas que estão embrulhadas, será preciso um pouco de trabalho, de carinho, de paciência, de diálogo, de compreensão, de amor, e por ai vai, para vir à tona o seu conteúdo. 


Que tipo de presença tem sido a sua, que tipo de presente tem sido você? Como você esta lidando com os presente que estão a sua volta? Já reparou que quando ganhamos um presente, embrulhado numa caixa, com belos laços, vamos abrindo o presente com cuidado, mesmo ansiosos por saber o que tem dentro, até mesmo pessoas brutas, vão desamarrando o laço com delicadeza, pois qualquer movimento, pode estragar, danificar o conteúdo. 


Ei, vamos lá, neste dia tome consciência de que você e os outros não são qualquer coisa. Eu sou um presente e você também!

Avaré, 17 de junho de 2011

21h57

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ELOGIO X CRÍTICA/INDIFERENÇA

Quando o assunto é elogiar a impressão que nos dá é que não é conosco, ou talvez, um assunto que pode ser discutido outra hora. Mas que bom que estamos agora, neste momento, parados aqui para pensarmos um pouco sobre isso – sobre a nobre atitude de elogiar.

Sabemos que como seres humanos, somos seres relacionáveis por excelência e é inerente à nossa natureza se relacionar, criar laços, uns estreitos, outros frouxos, mas desenvolver e manter laços sejam eles afetivos ou não.  É justamente no campo dos relacionamentos que a tão nobre e tão escassa atitude do elogio se encaixa. Sim, o elogio esta cada vez mais escasso em nossas relações, e por conta disso podemos nos perguntar: por qual motivo? Muitas respostas poderiam ser dadas, entre elas a dificuldade de expressar sentimentos, o fato de não saber o que um elogio pode causar no outro, entre outras respostas. Seja qual for o motivo (até porque cada um tem o seu e deve ser considerado) é preciso saber: Se não estou elogiando, estou fazendo o que? A resposta é: Ou estou criticando, ou sendo indiferente. A crítica e a indiferença são o oposto do elogio, tanto uma quanto a outra são capazes de arruinar e aniquilar os relacionamentos, mesmo que aos poucos.

O significado da palavra elogio é enaltecer, exaltar. Se não estou enaltecendo aqueles com qual me relaciono, estou fazendo o que?

A crítica (no pior sentido da palavra) ofusca o brilho do relacionamento. É tão comum vermos isso hoje em dia, em especial no relacionamento entre casais, pais-filhos, entre amigos. A crítica, mesmo que seja repleta de boas intenções, quando mal pronunciada, num lugar e situação inadequados, pode ter uma conseqüência desastrosa no relacionamento. A palavra da crítica ou até mesmo o silencio da indiferença se comparam ao veneno 'esborrifado' numa plantação, cada palavra carregada de crítica e de indiferença lançado sobre o(s) outros(s) vai surtindo seu efeito. Já o elogio se compara ao adubo, não se pode por todo adubo de uma vez, o agricultor movido pela sabedoria, vai colocando pouco a pouco o adubo na plantação, misturado com a terra, o adubo fortalece, dá vida e vigor à planta. 

O elogio, bem colocado, pautado na sinceridade, recheado de verdade e pronunciado no momento certo é fortalecedor, capaz de manter, estreitar e fortalecer laços. Quando duas cordas estão unidas por um nó forte, dificilmente irão se romper. Quando duas pessoas (cordas) estão unidas pelo relacionamento (laços) e este relacionamento esta pautado na verdade, no elogio, no reconhecimento e no enaltecimento das qualidades (nós), esses nós se estreitam, se apertam e quando chega a crise, os laços se mantém, mesmo que se afrouxem um pouco.   

Comece a observar as qualidades dos que estão convivendo com você. E comece a líberar elogios sinceros. Cuide para que seu elogio não seja vazio. Exercite-se no elogio, exercite-se em enaltecer os outros, esse é o remédio para relacionamentos estragados e doentios. E perceba as mudanças em você e a sua volta.  

André Henrique Faria

07/04/2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Solte a panela!

"Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimentos. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o local estava vazio, foi até a fogueira ardendo em brasas e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o animal a abraçou com toda a sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo o atingindo. Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e em todos os lugares em que a panela encostava. O urso nunca tinha experimentado aquela sensação. Então interpretou as queimaduras por seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore, próximo à fogueira, segurando a tina de comida. O animal tinha tantas queimaduras por seu corpo que, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo".

Perceba que em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, mas mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por aquilo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir.
Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho aquilo que faz seu coração se ferir. Solte a panela!

quarta-feira, 30 de março de 2011

E QUANDO A CRISE CHEGAR?

Todos nós já passamos por momentos de crise. Momentos pelos quais muitas vezes não gostamos nem de lembrar. Mudança, perda, traição, tudo pode indicar a crise. Mas o que vem a ser esse momento tão temido de todos nós?

Como seres humanos, temos a tendência à adaptação, ou seja, vamos nos acostumando facilmente com aquilo que esta ao nosso redor, vamos nos adaptando sem perceber às coisas. Quando algo diferente interfere nossa história, logo percebemos que algo esta errado, notamos que algo alterou o ritmo de nosso ‘pequeno mundo’ e quando esta interferência é algo aparentemente ruim, logo nos vem à mente: E agora? Ou até mesmo: Quero voltar atrás! Quero tudo como antes!

Você pode até mesmo dizer que suporta a crise, que a vida é assim mesmo, mas as reações vêm somente no momento em que você está dentro dela, é difícil e quase que impossível prever, porém quando compreendemos o significado deste processo de crise, podemos absorver todo bem que esse processo nos trará. Você entendeu? A crise é um processo que nos trás benefícios, dos mais variáveis possíveis, onde o maior deles é crescimento pessoal. 

Só se cresce na crise. Portanto, não fuja dela, e nem finja que ela não esta acontecendo, assuma a crise, reúna as forças necessárias, busque-as se for preciso, tome as ferramentas corretas - internas e externas, mas não se impeça de crescer.

A palavra crise vem do grego “Kríno” que significa: separar, apartar, escolher, cortar, decidir, fazer passar por um julgamento. Na verdade a crise é o resultado de cada uma destas atividades, portanto é algo tão fundamental em nossa história, quanto respirar. Na verdade a crise é um estado de mudança, uma vivencia recheada de possibilidades novas. Saiba, é durante a crise que você precisa olhar para frente. Temos o mau hábito de ficar somente focados na causa da crise, na perda, no problema, deixamos de lançar o olhar sobre o leque de possibilidades que se abre diante de nossos olhos, possibilidades que nos impulsionam a agir diferente, a falar de outra maneira, a reagir de outra forma, a assumir lugares e posturas novas, e assim por diante.

Pense bem na crise que você passou há um ano, veja o que mudou em você, pense um pouco nas crises, nos momentos de corte, separação, decisão, enfim de mudança que você passou há uns 05 anos, certamente foram fundamentais para o seu crescimento e para o crescimento de outras pessoas. Compreenda que não se ‘joga a toalha’ na hora da crise. É hora de mudança. É hora de crescer.

Fico imaginando o quanto foi difícil para nós sairmos do ventre de nossa mãe. Fica evidente essa dificuldade pois nascemos aos berros, indicando que tudo ia tão bem, tão tranqüilo, nove meses acomodados, adaptados, até o momento que uma crise acontece, uma mudança nos força a se desacomodar e a se desadaptar e não demoramos muito para entrar em prantos. Mas se não fosse essa crise, morreríamos sufocados no ventre de nossa mãe. Sufocados! E é o acontece com muita gente que não quer mudar. A crise vem uma, duas, três, mas a resistência à mudança é tão grande, que logo vem o sufoco, começa a faltar o ar da vida, o ar da alegria.

As crises são sucessivas, quando acaba uma vem outra, pois estamos em constante mudança. Graças a Deus! Estamos sempre crescendo.

Quando a crise vier, se posicione em seu lugar, reassuma sua identidade, sua capacidade, e não fique somente focado no que causou a crise, nos problemas, na perda, no que ficou para trás, mas olhe para as possibilidades, faça a sua escolha, e mude. Sei que não é tão fácil assim, mas é possível e necessário. Mude. Cresça.


André Henrique Faria

31 de Março de 2011

sábado, 12 de março de 2011

RETOMANDO A ESSENCIA

Desprezar o que é essencial é quase uma loucura. Dar as costas ou se esquivar daquilo que ‘corre pelas veias’ é beirar o precipício. Reparem que constantemente estamos lidando com o que é essencial e com o que é superficial em nós e observem que quando deixamos o superficial entrar e assumir espaços em nós, vamos aos poucos perdendo nossa identidade, nos tornando quem não somos; o superficial rouba nossa identidade e furta a essência. Posso dizer que é um dos grandes perigos que corremos em nossa vida, ou até mesmo, o maior perigo – Perder a essência, ser o que não é, viver revestido de uma roupagem incoerente em nome disso ou daquilo, desse ou daquele e não damos conta de que estamos cometendo uma loucura.

Um bombardeio de imagens, de idéias, de atividades, de trabalhos, se apresentando em nossa porta diariamente, a todo instante, querendo fazer parte de nossas vidas, desejando fazer parte de nós mesmos, que perigo corremos! Que risco corremos de deixar de ser o que se é!

Gosto de dizer que nenhum de nós deixamos a porta de nossa casa aberta a qualquer um. Trancamos tudo com cadeados, correntes, para por em segurança aquilo que é nosso, aquilo que fomos conquistando, não somente coisas materiais, mas, tentamos colocar em segurança aquilo que faz parte de nós, nossa família, as pessoas que amamos. Há pessoas que vão além com isso, colocam alarmes, contratam empresas, tudo para colocar em segurança aquilo que é seu e aqueles que fazem parte de sua vida. Veja... Se sabemos colocar em segurança tudo isso e todos esses, podemos começar a aprender a colocar em segurança aquilo que esta dentro de nós, aquilo é essencial em nós. Não vá abrindo a porta para qualquer um, para qualquer coisa, para qualquer idéia. Não deixe ‘escorrer pelo ralo’ a sua essência!

É tudo questão de autoconhecimento, uma urgência nos dias atuais. É gritante o número de pessoas, bem perto de nós, que se deixaram roubar e hoje experimentam um profundo vazio, uma enorme bolha de ar dentro de si mesmas, tudo porque vão acolhendo (no sentindo de colher mesmo) tudo o que escuta e tudo o que vê.

Mas é possível retomar a essência! Procure neste dia, olhar para dentro de si e reconhecer suas essências; procure encontrar em você os excessos (sentimentos, palavras, vivências), aquilo que você foi permitindo entrar sem ao menos perguntar o que é, de onde vem, e se decida a por todo excesso para o lado de fora.

Retome o caminho, sem medo, sem receio nenhum. Quantos não conseguem voltar o caminho. Medo? Vergonha? Orgulho?! Seja o que for, retome o caminho, e veja o que ficou no chão, as essências que foram sendo derrubadas. É um exercício constante, sem fim.

Retome sua essência! 

Pense nisso...


“O essencial é invisível aos olhos.” (Saint-Exupéry – Pequeno Príncipe)

terça-feira, 8 de março de 2011

PARE! SILÊNCIO!


Aonde vamos com tanta pressa, movidos por um ritmo frenético, sem pausas, sem descanso, sem silêncio? A impressão que dá é que o ser humano tem pavor da pausa, tem horror ao silêncio. Já observou como temos dificuldade para ficar em silêncio? 

Sempre quando nos determinamos a ficar quietos, inventamos algo para fazer e não conseguimos parar ou quando não inventamos algo alguém inventa e interrompe o nosso tão precioso silêncio. Sei de pessoas que quando se determinam a ficar em silencio, ligam o rádio no volume máximo ou ligam a TV, não compreendem que silêncio é silêncio.

A pausa é tão importante quanto a atividade, silenciar é tão essencial quanto falar. Pergunte a um músico a importância de uma pausa, o que seria de uma sinfonia, de uma canção se no meio de tantas notas musicais não houvesse as pausas, seria um terror! Tente imaginar. Para um músico a pausa é uma nota musical. A vida se assemelha a uma grande sinfonia, com notas altas e baixas, com ritmos e melodias diferenciadas e por ser assim, possui também a essencial necessidade da pausa.

É por meio da pausa e do silêncio que vão surgir idéias brilhantes, possíveis soluções para situações difíceis. É na pausa que se reúne forças extras para lutar. Você já deve ter ouvido alguém dizer: “conte até dez!”, ou seja, dê uma pausa, pare um pouco, respire antes de reagir e se preciso for conte até vinte, trinta, cem, duzentos, pare um pouco, pois muitas vezes estamos sendo mais eficazes e sábios quando paramos.

Ouço muitas pessoas dizerem assim: “Não sei o que fazer nesta situação. Estou perdido (a)!” e geralmente pergunto a elas: “O que você tem pensado sobre isso? Já parou para pensar? Já silenciou?” e a resposta é sempre negativa, pois há uma grande dificuldade de parar para pensar, e principalmente um ‘parar eficaz’, de qualidade.

Quando vamos dormir, ou quando levantamos de manhã logo elaboramos um roteiro mental do que vamos fazer no dia e quando notamos que há lacunas em nosso roteiro, vamos tentando preencher com coisas desnecessárias e não damos conta de que estamos seguindo um ritmo acelerado de vida e por conta disso muitos estão ficando doentes, o próprio corpo está pedindo: “Pare!” e muitas vezes esta gritando: “Pare! Se você não parar eu paro você!” Isto é sério.

Reconheçamos a necessidade da pausa, reconheçamos que diante dos nossos olhos vão surgir constantemente placas ‘PARE!’ e quando elas surgirem não tenhamos medo ou pavor de parar, silenciar, e só depois disso continuar. Respeite-se! Fomos e ainda estamos sendo educados numa cultura que faz de tudo para ensinar a respeitar as leis do transito, e tantas outras leis (isso é bom e extremamente necessário), mas na maioria das vezes não somos capazes que reconhecer e respeitar nossos próprios limites internos.

Pense nisso...

“Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada.” (LC 10, 38-42)

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André Henrique

08.03.2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

A HABILIDADE DE SABER ESPERAR

Estamos vivendo num tempo onde tudo tem que ser para agora, para já. O verbo ‘esperar’ é pouco vivenciado e ‘saber esperar’ é menos vivenciado ainda. Uma geração do aqui e agora, uma geração do imediato, que é perita em pular etapas, em saltar degraus, uma geração capaz de criar atalhos, os mais estranhos possíveis, para se chegar onde quer, mesmo que isto custe derrubar alguém, pisotear a auto-estima dos outros e até mesmo tirar a vida da outro, como se não fosse nada, como se fosse uma ‘coisa’, como temos visto na mídia ou até mesmo bem perto de nós.

A vida (acredito eu) é repleta de processos, de etapas. A própria vida é um processo, complexo, mas um processo de crescimento rumo à maturidade e a plenitude. Pare para pensar como era você há um atrás e note que sem querer e sem perceber, você está num contínuo processo de vida. E há dois anos atrás, três, quatro? Isto é tremendo!

A vida carrega em sua essência a espera, a pausa, o aguardo. Se estamos indo contra esta lei natural da vida, certamente estamos provocando grandes estragos em nós mesmos e nos outros, e acreditem, muitas vezes sem perceber. Chegamos a culpar Deus e o mundo, porque as coisas não estão dando certo, ou não estão acontecendo do jeito que quereríamos; nos revoltamos como crianças mimadas, que se jogam no chão e fazem um show porque os pais não quiseram comprar aquele brinquedo ou aquele doce. É preciso parar, e pensar: Será que isto precisa acontecer agora, já? Estou desrespeitando um processo? Estou me esquecendo de algumas etapas? Ou até mesmo fingindo se esquecer delas?

E o pior de tudo, quando estamos eufóricos por querer algo fora do tempo, deixamos de saborear o presente. Deixamos de viver com plenitude o que é para ser vivido hoje, estamos colhendo frutos verdes, azedos, frutos que não passaram pelo processo de maturação.

Em nossa vida, em nosso redor, estamos cheios de exemplos disso, principalmente nos nossos relacionamentos. Na verdade não é difícil recordar de algo pelo qual fomos precipitados e por causa disso estamos saboreando até hoje o gosto amargo do fruto verde, fora do tempo.

Certa vez, li num livro um definição perfeita do que é paciência, o autor escreveu mais ou menos assim: Paciência, não é saber esperar, mas é a habilidade de se comportar bem enquanto se espera. Esperar todo mundo espera, agora, se comportar bem é o essencial, isso é paciência!

Enquanto aquilo que queremos não vem, tenhamos paciência, busquemos a habilidade de se comportar bem enquanto se espera, pois os frutos estão ai, mas o nosso grande desafio é observar se eles estão verdes, ou maduros, se estão em tempo de colheita e ou ainda num processo.

Pense nisso...

“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado; tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir; tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para dançar; tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se. Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para jogar fora; tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar; tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz.” (Eclesiástico 3, 1-8)

André Henrique

07.03.2011