sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Feliz Natal! – Com sentido e significado, é claro!

É natal, um corre-corre sem igual. Nunca se viu tanta gente num só lugar, aglomerados, com os olhos fixos nos preços, nos produtos, nos pacotes, nos presentes. Presentes e mais presentes. Presente pro pai, pra mãe, pro filhinho, presente pra tia, pro primo, presente pro chefe, ah... pro chefe não pode faltar. Sem contar os amigos secretos, nunca vi tanto amigo secreto. 
 
Estamos na época dos presentes, das comidas, das visitas, das confraternizações. Mas, cá entre nós, qual o sentido de tudo isso? É notável que não só nesta época, mas em todas, tem se perdido o sentido e o significado das coisas. Alias, o próprio ser humano caminha desta maneira, boa parte de nós vivemos uma vida sem sentido, como se estivéssemos ligados no ‘automático’, vivemos uma vida sem significado, como se fossemos uma planta ou um objeto qualquer. 
 
Sou cristão, mas aqui não vou apontar os méritos desta celebração cristã, mas apontar o esvaziamento de sentido que ocorre nesta época e em outras. As pessoas se encantam com o Natal, e não é pra menos. Se sentem atraídas pelo fato de celebrar o nascimento de uma criança Divina – todos, até os mais céticos acabam se envolvendo, pois se sentem como que convidados ou convocados a algo tão inerente a nossa alma – o nascimento. 
 
Quero fazer três apontamentos sobre o Natal, sei que há muitos outros aspectos que podem ser comentados, mas quero expressar somente três. O primeiro ponto que quero considerar é ‘o que foi gestado é convidado a nascer, ou melhor, é empurrado a nascer’, pois se não nascer, corre o risco de morrer, de não tonar-se real. Quantos de nós estamos gestando ideias que nunca nasceram? Gestando projetos, sonhos que já passaram da hora de nascer? Falta de coragem, de ânimo, de ousadia talvez seja a desculpa que damos para ficar segurando essa ‘criança’.

Outro ponto a considerar é o ‘nascer para a outra fase’ – tem gente que insiste em permanecer na mesma fase, no mesmo ciclo – ciclo que nunca se fecha, fica dando voltas na infância e não nasce para adolescência, fica dando voltas na adolescência e não nasce para vida adulta, voltas e mais voltas na mesma fase, resistindo morrer para nascer. Conheço pessoas que ‘rezam’ a mesma ladainha há anos, que chego a pensar: ‘De novo a mesma história?!’ 
 
E por fim ‘o novo não nasce onde persiste em existir o velho’, sei que há muitas pessoas, e eu fui uma delas, que desejam ardentemente, com todas as suas forças – coisas novas, novidades; pessoas que não aguentam mais viver do mesmo jeito, a mesma ‘lengalenga’, mas continuam persistindo em ideias velhas, atitudes velhas, e não se esforçam por abrir mão disso.

Nascer é a palavra central, mas também é a vivência central do qual somos convidados neste tempo e é claro, em outros também; mas a sensação que temos é que neste tempo o convite ao ‘nascer’ é mais acentuado, afinal de contas, estamos sempre iniciando ou finalizando algo.

É Natal! É hora de nascer! Este é o convite, este é o sentido. Acredito que retomando o sentido e o significado, vamos aos poucos nos desatolando dos inúmeros deveres sem sentido, que nos fazem ficar correndo como malucos, comprando presentes como doidos, comendo e bebendo sem parar, gastando até aquilo que não temos. Do que adianta cumprir tudo isso a risca se o que esta sendo gestado há anos não nasce, se não nascemos para a outra fase e se insistimos em continuar com os nossos velhos hábitos e velhas ideias que nos impedem de viver o novo. 
 
Acho que é por isso que o Natal é bem próximo do Ano Novo. E dá até para aproveitar essa ideia de ‘fim do mundo’, para por fim a algumas ideias, para desconstruir alguns ‘mundos’ que persistem em existir em nós; acho que interpretaram mal o Nostradamus.

André Henrique Faria
13 de dezembro de 2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PROMESSAS E FRUSTRAÇÕES


Mais um ano se inicia, e com ele permanece muitas situações que gostaríamos que não existissem em nossas vidas. O desejo que temos é que como num piscar de olhos essas situações desaparecessem de uma só vez, ‘para todo o sempre amém’. Mas sabemos que não é bem assim.
Não sei se você já parou para observar – geralmente todo fim de ano é carregado de promessas, desejos e anseios. Pare para pensar quantas foram as vezes que no fim do ano que passou você se deparou pensando: “No ano que vem, quero....” ou “Ano que vem, vou...” ou até mesmo “Preciso dar um jeito nisso, do ano que vem não passa.” Estudar, emagrecer, economizar, ser mais dócil, parar de fumar, parar de beber, largar de vez aquele vício, enfim, promessas, promessas e promessas. Acredito que todo fim de ano e inicio de ano vem acompanhado com a ‘síndrome do ano novo’ – a síndrome das promessas. Vai me dizer que você não fez ou ao menos pensou numa promessa. Eu confesso, eu pensei em várias. Essa é uma necessidade humana, quando se fecha um ciclo e abre outro, nós seres humanos já fazemos votos, para que tudo seja melhor, mais bonito, mais saudável do que o outro ciclo. Isso é saudável, até um ponto.
Ao fazermos inúmeras promessas, criamos inúmeras expectativas. Vamos nos preenchendo de promessas e votos que nem sempre serão cumpridos. Quando o voto ou a promessa não é cumprida, aparece, sem ser chamada a tão conhecida e temida Sra. frustração; nos sentimos incapacitados diante daquele problema ou daquela situação e vamos arrastando a vida, muitas vezes sem forças, sem alegria e coragem para resolver situações simples, aliás vale ressaltar que a Tristeza, o Desânimo e a Desesperança são filhas autênticas da Sra. Frustração, é claro, ela tem outros filhos por ai.
Por isso, pense bem ao fazer uma promessa. Analise bem, o que poderá vir depois da promessa. Pegue leve com você mesmo (a). Se há muitas coisas que precisam ser mudadas, comece por uma situação, e cumpra. Depois vá para outra, e cumpra. E outra, e cumpra. A Sra. Frustração dificilmente te visitará e muito menos seus filhos e filhas. Tenha expectativas boas sim! Mas cuidado com a sobrecarga de promessas e votos! Certifique-se de que poderá cumpri-las. Vou te dar um exemplo: Se o voto que você fez é parar de fumar no ano de 2012, o que certamente é um voto e tanto, divida o ano de 2012 em ciclos (já esta dividido em meses!) e faça o voto de parar de fumar em Janeiro; quando terminar janeiro faça outro voto de parar de fumar em Fevereiro, e assim por diante. Aqui fica uma dica importante, sempre quando terminar um ciclo de vitória, celebre, abrace alguém, marque um jantar na sua casa, compre uma pizza, faça um brinde de Guaraná, sei lá, faça alguma coisa, bem simples, onde você possa celebrar sua vitória. Isso será um marco. O seu ano será cheio de marcos de vitória. Não temos este hábito, pelo contrário, não sabemos celebrar nossas vitórias, imagine a dos outros. Quando um filho fala para a mãe: “Mãe! Tirei 9 na prova de matemática!” A mãe diz: “Não fez mais que a sua obrigação menino, na prova que vem tem que tirar dez!” É mais ou menos assim que agimos, não sabemos celebrar as nossas vitórias, quanto mais a dos outros que estão ao nosso redor. Pense nisso.
Faça de sua história uma história marcada de vitória em vitória. Livre-se urgentemente da Sra. Frustração. Abra a porta do seu interior e diga para ela ir embora, pois a partir de agora, você saberá fazer suas promessas, ou melhor, saberá tomar decisões e cumpri-las passo a passo.

André Henrique Faria

10 de Janeiro de 2012

quarta-feira, 27 de julho de 2011

IMPRESCINDÍVEL TAREFA: RETORNAR

Rever a própria história, nem sempre é tarefa fácil, muitos tentam fazê-la de qualquer jeito, sem se auto respeitar e os que agem assim são infelizes nos resultados. Lançar um olhar para trás na própria vida, é tarefa exigente, contínua, corajosa e digo sem medo de errar, é tarefa transformadora, desde que saibamos fazê-la. Quantos são aqueles que acreditam ser perda de tempo ficar pensando no que passou; claro que o excesso é extremamente prejudicial, a sabedoria popular nos ensina que 'Quem vive de passado é museu!', não quero ser museu, acredito que nem você queira, mas não podemos de maneira alguma deixar de retornar o caminho esquisito, o caminho estranho que tomamos lá trás, até porque, se isso não for feito, vamos continuar caminhando na estrada errada ou até mesmo de maneira errada. A organização do trânsito nos ensina bem isso, pegou caminho errado, não tem problema, logo mais à frente há um retorno, simples assim. O retorno é imprescindível, porém deve ser feito com um olhar diferenciado, voltado pro agora e para o futuro. Volto lá traz, mas logo (bem logo) volto para cá, para hoje, para o agora, pronto para dar passos diferentes na própria história.  Ai esta o esforço, volto lá e volto cá, exercício contínuo, que nos permite ser mais humanos, capazes de assumir e corrigir os próprios erros, ou seja, arrependimento; capazes de rever os erros dos outros com um olhar diferente, dando chance e espaço suficiente para estes reverem também a própria história, ou seja, perdão. Acredito que a vida constantemente e incansavelmente está nos colocando em situações que nos favorecem na realização desta tarefa. Aproveite, não ignore a oportunidade de transformação. Retorne, reveja, transforme!

André Henrique Faria

sábado, 18 de junho de 2011

GRATIDÃO, ONDE ESTA?

Estamos a todo momento nos encontrando com presentes, a todo instante nos é oferecido algo. Basta abrir os olhos do interior para enxergar o que nos é dado, ofertado de maneira gratuita, sem reservas. Acredito que quando deixamos de reconhecer o que nos é oferecido como presentes à nós, vamos ao mesmo tempo deixando para tráz a essência, vamos abandonando nossa humanidade, nossa essência humana. O que resta a alguém, quando este deixa de reconhecer os presentes que lhe são oferecidos? Restam a amargura, a solidão, o desespero, a ingratidão, e isso tudo, principalmente este último, nos torna tão distantes daquilo pelo qual nascermos a ser - felizes. 

A natureza nos ensina de maneira brilhante o que é ser presente, ou seja, o que é presentear os outros com aquilo que se é e tem. Uma árvore por exemplo, uma jaboticabeira, sabe nos presentear com generosidade; o sol, se apresenta todas as manhãs, sem pedir nada em troca, o ar, a terra, enfim, a natureza esta ai nos presenteando, se apresentando a nós. Não podemos esquecer que fazemos parte desta natureza, não podemos esquecer disso. Toda a criação executa livremente sua apresentação a nós, nos oferecendo presentes. 

Quando ganhamos um presente, quase que naturalmente brota uma expressão de gratidão, um 'Muito obrigado(a)!' vem à tona acompanhado de um leve ou de um largo sorriso. Pelo menos assim deveria ser. Note como hoje em dia a gratidão é uma expressão que parece doer no coração de muita gente, perceba em seus relacionamentos, como a gratidão tem sido pouco ou mal expressada. É algo a se pensar, e até mesmo, urgentíssimo pensar sobre isso - O quem tem roubado ou ofuscado nossa gratidão?

Ao ser oferecido um presente, a gratidao deve emergir, se a gratidão não esta despontando algo esta errado, é sinal de que estamos perdendo a essência. 

Temos um péssimo costume de relaxarmos na gratidão para com as pessoas que convivem a muito tempo conosco, casais que não dizem mais 'Obrigado!" um ao outro, filhos que não agradecem à mãe pelo café da manhã que ela preparou, parece que o outro tem a obrigação de nos servir, vamos desumanizando nossas relações, e isso é um perigo, a indiferença é uma ameaça a todo relacionamento. Lembro de uma frase de Mário Quintana - "O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem passa por ele indiferente".

Exercite a gratidão hoje, quem sabe agora. Não basta sentir a gratidão, é preciso expressá-la. Seja grato. Seja humano!


André Henrique Faria

18 de Junho de 2011

13h48

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PRESENÇA - PRESENTE

Presença, vamos parar um pouco para refletir sobre esta palavra?. Mais do que uma palavra, muito mais. O que é presença? O que é estar presente? 


Para entendermos o significado de presença, bastar agora, neste momento, olhar a sua volta e verificar o que esta presente ai, o que há a sua volta, e note que as coisas, pessoas, enfim, o que você esta vendo, o que esta ou não ao alcance de tuas mãos, o que você sente,  esta realmente ai; portanto, estar presente, é estar ai, estar aqui, agora, sem rodeios, sem receios, sem medo. A presença é o que é, diante dos nossos olhos, em sua realidade, em sua verdade, quer queiramos ou não. 


Não sei você, mas por várias vezes, entrei em lojas, consultórios onde havia instalado logo na entrada um sensor de presença, um aparelhinho um tanto irritante, que avisa que você chegou, todos ali ao escutarem a campainha, ficam sabendo que alguém chegou, fulalo esta presente, não esta mais lá, mas esta aqui, neste momento, neste lugar, isto nos leva a entender que presença é a existência de alguma coisa em algum lugar. Mas se tratando de pessoas, a palavra presença, tem um outro signficado, muito mais do estar presente, existindo em algum lugar, nãos somos uma coisa, um objeto existente, somos pessoas, somos uma riqueza ambulante, não somente fazemos presença, mas somos o presente. 


Fique sabendo, que você, eu e quem esta à sua volta presente, é presente. Pode parecer um jogos que palavras, que seja então. Somos presentes a ser recebido com gratidão, com alegria. Presente a ser desembrulhado e vislumbrado, não de qualquer jeito. Somos presentes aqui, ali, onde quer estivermos, estamos e somos presentes e vamos nos deparar com presenças, com presentes. Alguns de um jeito, outros de outro, somos riquezas embrulhadas, ambulantes. 


Já parou pra pensar nisso? Só não podemos esquecer que algumas pessoas são presentes bem embrulhados, será preciso trazer pra fora a riqueza e talvez para que isso aconteça seja necessário esforço,  e isso pode levar algum tempo, é preciso persistir, não desanimar. Todos, todos nós, temos riquezas no nosso interior. Você já deve ter ouvido ou já deve ter expressado a frase: "Fulano ou Fulana é de presença, quando ele(a) chega, todos notam..." Pois é, algumas pessoas são presentes desembrulhados, todos notam o seu conteúdo com facilidade, mas há aquelas que estão embrulhadas, será preciso um pouco de trabalho, de carinho, de paciência, de diálogo, de compreensão, de amor, e por ai vai, para vir à tona o seu conteúdo. 


Que tipo de presença tem sido a sua, que tipo de presente tem sido você? Como você esta lidando com os presente que estão a sua volta? Já reparou que quando ganhamos um presente, embrulhado numa caixa, com belos laços, vamos abrindo o presente com cuidado, mesmo ansiosos por saber o que tem dentro, até mesmo pessoas brutas, vão desamarrando o laço com delicadeza, pois qualquer movimento, pode estragar, danificar o conteúdo. 


Ei, vamos lá, neste dia tome consciência de que você e os outros não são qualquer coisa. Eu sou um presente e você também!

Avaré, 17 de junho de 2011

21h57

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ELOGIO X CRÍTICA/INDIFERENÇA

Quando o assunto é elogiar a impressão que nos dá é que não é conosco, ou talvez, um assunto que pode ser discutido outra hora. Mas que bom que estamos agora, neste momento, parados aqui para pensarmos um pouco sobre isso – sobre a nobre atitude de elogiar.

Sabemos que como seres humanos, somos seres relacionáveis por excelência e é inerente à nossa natureza se relacionar, criar laços, uns estreitos, outros frouxos, mas desenvolver e manter laços sejam eles afetivos ou não.  É justamente no campo dos relacionamentos que a tão nobre e tão escassa atitude do elogio se encaixa. Sim, o elogio esta cada vez mais escasso em nossas relações, e por conta disso podemos nos perguntar: por qual motivo? Muitas respostas poderiam ser dadas, entre elas a dificuldade de expressar sentimentos, o fato de não saber o que um elogio pode causar no outro, entre outras respostas. Seja qual for o motivo (até porque cada um tem o seu e deve ser considerado) é preciso saber: Se não estou elogiando, estou fazendo o que? A resposta é: Ou estou criticando, ou sendo indiferente. A crítica e a indiferença são o oposto do elogio, tanto uma quanto a outra são capazes de arruinar e aniquilar os relacionamentos, mesmo que aos poucos.

O significado da palavra elogio é enaltecer, exaltar. Se não estou enaltecendo aqueles com qual me relaciono, estou fazendo o que?

A crítica (no pior sentido da palavra) ofusca o brilho do relacionamento. É tão comum vermos isso hoje em dia, em especial no relacionamento entre casais, pais-filhos, entre amigos. A crítica, mesmo que seja repleta de boas intenções, quando mal pronunciada, num lugar e situação inadequados, pode ter uma conseqüência desastrosa no relacionamento. A palavra da crítica ou até mesmo o silencio da indiferença se comparam ao veneno 'esborrifado' numa plantação, cada palavra carregada de crítica e de indiferença lançado sobre o(s) outros(s) vai surtindo seu efeito. Já o elogio se compara ao adubo, não se pode por todo adubo de uma vez, o agricultor movido pela sabedoria, vai colocando pouco a pouco o adubo na plantação, misturado com a terra, o adubo fortalece, dá vida e vigor à planta. 

O elogio, bem colocado, pautado na sinceridade, recheado de verdade e pronunciado no momento certo é fortalecedor, capaz de manter, estreitar e fortalecer laços. Quando duas cordas estão unidas por um nó forte, dificilmente irão se romper. Quando duas pessoas (cordas) estão unidas pelo relacionamento (laços) e este relacionamento esta pautado na verdade, no elogio, no reconhecimento e no enaltecimento das qualidades (nós), esses nós se estreitam, se apertam e quando chega a crise, os laços se mantém, mesmo que se afrouxem um pouco.   

Comece a observar as qualidades dos que estão convivendo com você. E comece a líberar elogios sinceros. Cuide para que seu elogio não seja vazio. Exercite-se no elogio, exercite-se em enaltecer os outros, esse é o remédio para relacionamentos estragados e doentios. E perceba as mudanças em você e a sua volta.  

André Henrique Faria

07/04/2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Solte a panela!

"Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimentos. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o local estava vazio, foi até a fogueira ardendo em brasas e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o animal a abraçou com toda a sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo o atingindo. Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e em todos os lugares em que a panela encostava. O urso nunca tinha experimentado aquela sensação. Então interpretou as queimaduras por seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore, próximo à fogueira, segurando a tina de comida. O animal tinha tantas queimaduras por seu corpo que, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo".

Perceba que em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, mas mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por aquilo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir.
Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho aquilo que faz seu coração se ferir. Solte a panela!